Desmatamento na Amazônia impulsionado pela demanda global por commodities
Nas últimas décadas, a aceleração do desmatamento na Amazônia tem sido associada em grande parte à expansão de atividades como a pecuária extensiva e as monoculturas de soja, cana-de-açúcar e outras commodities agrícolas. A crescente demanda internacional por esses produtos tem sido um dos fatores que alimentam a exploração predatória da floresta.
Soja, carne bovina e óleo de palma
Três produtos se destacam como as principais commodities agrícolas ligadas ao desmatamento na região:
Soja
– Utilizada para ração animal e óleo vegetal, a soja é um dos principais produtos de exportação do Brasil
– Para atender à demanda global, a área plantada no país saltou de 1 milhão de hectares na década de 1970 para 38 milhões de hectares em 2022
– Estima-se que até 30% dessa expansão ocorreu sobre áreas de floresta amazônica desmatadas
Carne bovina
– A pecuária extensiva é apontada como responsável por cerca de 65% do desmatamento ocorrido na Amazônia entre 2000 e 2018
– O rebanho na região cresceu mais de 500% nas últimas décadas, boa parte em áreas recentemente desmatadas
– O Brasil se tornou o maior exportador global de carne bovina, atendendo à crescente demanda internacional
Óleo de palma
– O óleo de palma é utilizado em alimentos processados, cosméticos e biocombustíveis
– Sua produção está ligada ao desmate para abrir espaço a extensos dendês, principalmente no Pará e na Colômbia
– Em 2020, a área de cultivo na Amazônia era de 188 mil hectares, mas tem potencial para expandir muito nos próximos anos
Fatores econômicos e geopolíticos
Alguns fatores de ordem econômica e geopolítica ajudam a explicar o avanço dessas atividades:
– Crescimento da demanda mundial por alimentos, ração animal e biocombustíveis nas últimas décadas
– Valorização das commodities agrícolas no mercado internacional
– Políticas de incentivo à produção de carne, soja e outros produtos para exportação
– Infraestrutura de transportes como rodovias e hidrovias facilitando o escoamento da produção
– Pressão do agronegócio por mais áreas plantadas em regiões de fronteira agrícola como o Cerrado e a Amazônia
Estatísticas e projeções
Alguns números dão a dimensão do problema:
– Em 2022, 38% de toda a soja consumida no mundo foi produzida no Brasil
– Até 2030, estima-se que a demanda global por **óleo de palma cresça 45%
– Estima-se que 18% do desmatamento ocorrido entre 2000 e 2020 na Amazônia brasileira está associado à expansão agropecuária
Caso a demanda global por commodities agrícolas continue crescendo no ritmo atual, as pressões para novos desmatamentos tendem a se intensificar.
Soluções complexas
Enfrentar o problema não é simples, dado que a demanda por esses produtos dificilmente diminuirá no curto prazo. Algumas medidas possíveis incluem:
– Investimento em tecnologias para aumento de produtividade sem novos desmatamentos
– Compromissos das empresas de varejo e do setor alimentício em não adquirir produtos oriundos de áreas desmatadas
– Moratória da soja e gado “livres de desmatamento”- Pagamentos por serviços ambientais para conservação das florestas
– Boicotes de consumidores a produtos ligados ao desmatamento
Perguntas frequentes
Quais produtos agrícolas mais impulsionam o desmatamento da Amazônia?
Destacam-se a soja, a carne bovina e produtos da palma como o óleo de dendê. A expansão da produção e exportação desses produtos exerce grande pressão sobre a floresta.
O agronegócio é o único culpado pelo desmatamento?
O agronegócio responde por grande parte do problema, mas a demanda crescente nos mercados consumidores também é um fator relevante. O combate ao desmate requer responsabilidade compartilhada.
É possível produzir mais alimentos sem desmatar?
Sim, mas isso requer investimentos em tecnologia e práticas agrícolas sustentáveis para aumentar a produtividade das áreas já convertidas para agricultura e pecuária.
Como os consumidores podem ajudar?
Optando por produtos sustentáveis e certificados, além de cobrar das empresas o compromisso de não contribuir para o desmatamento nas cadeias produtivas. O poder de compra pode influenciar as práticas empresariais.
Considerações finais
A pressão do agronegócio por mais terras e a demanda internacional crescente por commodities agrícolas são forças econômicas poderosas por trás do desmatamento na Amazônia. A conciliação entre produção e conservação ambiental é complexa, mas necessária para evitar uma maior devastação da floresta nas próximas décadas.